terça-feira, 26 de setembro de 2017

The Truman Show

 Boas,

 Já fazia algum tempo que não voltava aqui, estava de férias digamos. Mas, agora, de volta á realidade deste show da vida real, fui hoje levado a crer que isto tudo não passa de um grande Big Brother, de um Peep Show Global onde algumas perversões acontecem, de forma a que alguém se divirta á grande com as cenas que nos vão acontecendo.
 Isto é tal qual um Truman Show e cada um de nós é um Jim Carrey, vídeografado do nascer até ao morrer.
 Hoje, as coisas não correram bem para os lados da produção e um dos figurantes, ou actores secundários, deve ter sido despedido.
 Entrou-me na loja a meio da tarde e deve-se ter esquecido das falas. Embora eu já tenha falado do estranho caso de invisibilidade neste post que afecta todos os lojistas, este não foi de todo o caso. Trata-se sim de todo um novo mundo da teoria da conspiração que pretendo explorar e que me deixa intrigado - será isto tudo "real"?
 O tipo em causa dirigiu-se imediatamente aos modelos masculinos, tão rápido, que a pausa que normalmente faço entre a saudação e o questionar das necessidades não existiu. 
 Mal acabo de fazer a pergunta ouço uma resposta, mas imperceptível e eu, como me dizem que ando a ficar um pouco duro de ouvido, repeti a pergunta - "Precisa de ajuda?" - a resposta foi um esclarecedor" Bharrhc khum hãhã", quer dizer isto foi o que eu ouvi!


 Como podia ser estrangeiro disse-lhe "Português?", que é basicamente a mesma coisa do que lhe dizer - " Ó melro respondes ou vou continuar o monólogo?" - e... para meu espanto, tossiu! Bom, deve estar mal da garganta, ou está constipado, ou é muito, muuiiiiito tímido. 
 Mas não, não era, era um actor, bem, ok, um figurante com falas, vá, não quero ofender a quem tem essa nobre profissão. Isso ficou claro porque recebeu uma chamada que atendeu apressado, como se o estivessem a livrar de um peso enorme a qual desligou apressadamente, para me perguntar logo de seguida - "Desculpe lá, mas este modelo só existe nesta côr?".
 Mau, espera lá, até á quinze segundos só falavas Gregoriano e agora fluis Português como se estivéssemos a ter uma conversa á trinta minutos?
 "Sim!" Respondi-lhe, ao que me respondeu "Obrigado", desatando em passo rápido para fora da loja.
 Lá está, figurante...dos fraquinhos, nem para interagir deu. Assim não dá canal régie! Assim sou obrigado a dizer - "No caso de não os voltar a ver, Bom dia! Boa tarde e Boa Noite !" 



domingo, 20 de agosto de 2017

Vacations

 Pois é...

 Se existe alguma altura do ano, pela qual, todos esperamos, essa é sem duvida, a época de férias.
 Chegou a minha e perdoem-me, mas vou estar ausente o máximo possível da vida cibernética, já que a seguir ao trabalho e vida pessoal, é sem dúvida o terceiro maior consumidor de tempo. Assim, eliminando dois deles temporariamente, posso desfrutar do que resta em modo "Dolce fare niente".
 Exacto, nenhuns, nickles, rien, nothing, nada ! Sim porque eu quando tiro férias, são férias!
 Faz-me alguma confusão, aquelas pessoas que vão de ferias, mas, que afinal criam um todo novo conjunto de rotinas, planos e afazeres.
 Quer dizer, se vais de férias, para quê toda a trabalheira? Porque é que tens efectuar X compras, ter horas para isto e para aquilo? Para isso não tiravas férias! Dizias ao patrão que preferias continuar a trabalhar, que assim mantinhas rotinas e ganhavas mais pastel!
 "Ah e tal, vejam lá se não se atrasam e chegam a horas!" - O que é isso chegar a horas? O que é um Relógio? Vais picar o ponto?
 Durante as férias, só existem 3 momentos, o Amanhecer, o Anoitecer e o período que compreende estes dois pontos, que pode ser maior, menor, igual, é indiferente, desde que te saiba bem, como os divides e gozas é contigo.
 Isto se não te queres arriscar a ter umas férias como as da família do filme "Vacations" de 2015 - que no fundo é um remake de "Uma paródia de ferias" dos anos 90 com o Chevy Chase- onde fazes uma centena de planos para a férias perfeitas e que depois acabam em ser tudo menos férias!


 Bom descanso! Boas férias!

terça-feira, 8 de agosto de 2017

The Birthday

 Boas,

 Hoje é dia, dia de comemorar, quando fiz a minha entrada triunfal neste belo mundo que é o nosso! Posso dizer com segurança que sou um tipo positivo! Gosto de ver a vida pelo lado colorido! Até porque, sejamos sinceros, de outra forma, isto não tem piada nenhuma!
 Coisas do do tipo -" Está tudo bem?" - "Vai-se indo, como pode..." ou" a vida está difícil". Comigo não funciona. Está tudo bem?Está! É só obrigado e volte sempre, agora cá lamechices e auto comiseração ? Para quê? para terem peninha do menino?
 É isso e por exemplo falar de doenças! Irra ! Que mania! Falar de doenças porquê? Qual é o gozo? É uma competição para ver quem o mais podre? - "Ah caiu-me um bracinho!Já não me apanhas no campeonato da gangrena!".
 Ser negativo, não é uma hipótese é uma seca, ser pessimista não é olhar as coisas com cuidado, é partir derrotado do início. 
 Por isso e porque sei que não sou o único... Feliz dia!!!!!!


quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Dead Poets Society

 Boas,

 Hoje cheguei á conclusão, após ter repetido a mesma resposta um trilião de vezes, que eu, assim como os demais companheiros e companheiras que trabalham no mundo do retalho, pertencemos a uma sociedade secreta.
 Não algo pouco claro, ou com conotações malignas como Maçonaria ou os Iluninati, algo mais soft, mais do tipo como um grupo de amigos que sabem os segredos uns dos outros, têm umas expressões comuns e vivem as mesmas experiências.
 Ao estilo do Clube dos Poetas Mortos, só que aqui, não temos um professor tipo Robin Williams, a quem possamos dizer - "Oh Captain, my Captain!" - (é ainda maior e mais sábio e dá-se pelo nome de Vida), e não lemos livros, lemos preços.



 Preços - é disto que vos falo aqui hoje!
 O que é que se passa com as pessoas e os preços? Não entendo, juro! Quer dizer, se eu entro num estabelecimento qualquer e quero saber o preço de um determinado artigo, olho para o preçario, ou para etiqueta, conforma for a politica de pricing do estabelecimento.
 Não, repito, NÃO pergunto o preço ao funcionário/a segurando o artigo na mão com a etiqueta ao dependuro, fazendo uma cara que se assemelha ao cruzamento de um borrego com um asno, dizendo - "Desculpe o preço é o que está na etiqueta?!?".
 Como me preguntas isso? Então não sabes que pertencemos a uma irmandade secreta, com rituais de iniciação duríssimos, como por exemplo sermos pendurados de cabeça para baixo no topo do Everest enquanto realizamos a venda a um Sherpa ?!? Que só nós conhecemos o verdadeiro valor dos artigos e nunca, mas mesmo nunca, nem sequer sob ameça de morte, colocaríamos o preço verdadeiro para os clientes saberem?
 Queres saber o preço? Queres?! Anda trabalhar para o retalho! Até lá... Nickles.....

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Les Misérables

 Boas,

 Chegou Agosto! O mês mais Português do ano! Onde milhares de pessoas voltam á sua pátria, depois de um ano de trabalho, para um merecido descanso......e depois vêm ás compras...
 Falo-vos de uma pequena fatia destes nossos compatriotas, cada vez mais pequena é certo e produto de um Portugal que já não existe, em que as diferenças do passado, deram azo a ouvirmos a expressão " Na França não é nada disto", vezes sem conta, ao que nós próprios replicamos com um secreto pensamento repetido á milésima ao género - " se lá é tão bom, o que fazes aqui?".
 Hoje em dia, a grande maioria dos emigrantes são pessoas que trabalham fora do país e vêm cá descansar nas férias. A minoria de que falo, vive noutro país e vêm cá passear-se no verão.
 São fáceis de identificar, pois tentam demonstrar um status que não têm, mas que são traídos pelos seus próprios tiques, de quem apenas luta no dia a dia num trabalho normal como tantos outros. 
 Sem ofensa e com a devida distância, são os Misérables de Vitor Hugo em busca do Eldorado, lutando para se ver livres de uma condição de dificuldades, como nos mostra a última versão cinematográfica datada de 2012. só que na vida real, quando voltam ás suas raízes, parecem esquece-las, olhando lá do alto do seu sotaque francófono.



 Isto é particularmente visível, quando, estando numa loja do seu próprio país falam entre si na língua do país que os acolheu - não estou a referir-me a crianças mas sim adultos - ignorando quem lhes pergunta em bom Português se precisa de ajuda e alheios ao facto de que, hoje em dia, falar Francês, Inglês, ou outra língua europeia, não é nada de incomum.
 Ainda no outro dia estive quinze minutos a gastar o meu Francês com uma família, para no final me agradecerem em Português perfeito deixando-me atrás do balcão com uma fuça á Mr Bean após ter feito asneira.
 A minha questão é simples. Amas o teu País, tanto ao ponto de grande parte da tua indumentária se reduzir a equipamentos da Selecção Nacional, idolatrando o simbolo da FPF como se fossem as 5 Quinas da Bandeira, mas quando estás finalmente de volta, por apenas 30 dias, para desfrutar deste paraíso... falas Francês. É a mesma coisa que dizeres que gostas de Whisky...e misturas-lhe Coca-Cola, tipo - "Uiiii ca bom que gastei 30 paus numa garrafa de Cardhu! Vai-me saber que nem gingas com esta Cola Zero".

terça-feira, 25 de julho de 2017

Weekend at Bernie's

 Boas,

 Tenho andado um pouco "morto" por estes lados, entre a sobrecarga de trabalho devido á época alta de verão, idas ao gim para recuperar a forma perdida, ( já lá iam quase nove anos que o tinha deixado), o tempo e inspiração têm sido pouco ou nenhum e também vir aqui aborrecer-vos, não é propriamente a minha ideia de um blog.
 Depois desta introdução/justificação, venho falar-vos do que realmente me trás cá hoje - os clientes defuntos.
 Calma... não estou a falar de alguém que tenha falecido, mas sim de algumas pessoas que parecem falecidas ou prestes a falecer quando entram numa loja.
 Sim, é que já vos falei aqui de N tipo de clientes, desde os mais parvos. aos mais alienígenas, mas dos que parecem falecidos...calma lá!
 Salvaguardo que não falo do tipico Zombie, do género White Walker, ou Resident Evil, que foram contagiados e deambulam agora num estado que nem é carne, nem é peixe.
 Falo-vos de alguém, que o aspecto aparenta ter sido ferrado pela a mosca Zsé-Zsé, ou então que levou um penso na fuça tão bem aplicado, que parece que o coma será a sua menor preocupação.



 Parecem-se muito com o Bernie de "Fim de semana com o morto", mortos mas com um look extremamente vivaço e responsivo.
 No filme Bernie é um ricaço que falece e proporciona a dois jovens o fim de semana das suas vidas. Na vida real, os Bernies, são geralmente senhores ou senhoras já com alguma idade, que vêm acompanhar os familiares nas compras e se fingem de falecidos, para que, quem os acompanha, não os chateie com perguntas do género, " Que tal? Fica-me bem?Gostas? Esta cor está bem? Usavas?Achas caro?Compro? Enfim, um sem numero de perguntas de resposta óbvia, mas que, de facto, após quatro horas de shopping e serem repetidas pela quinquagésima vez, dá a vontade de um tipo se fingir de morto. A mim, pelo menos, que sou um mero assistente de bancada, ás vezes também fico com sindrome de morte cerebral... mas esse já é assunto para outro post  

terça-feira, 18 de julho de 2017

Apollo 13

 Boas,

 Não tenho partilhado momentos convosco tanto como queria, mas o trabalho na época de verão, dá-me água pela barba, que se fosse salgada, até nem fazia mossa, pois significava que o mar estaria calmo. A questão é que a partir de dia um de Julho, surgiram os primeiros clientes que voltam a casa de férias, que normalmente se chamam Jean Michel, ou Nathalie, se bem que já começamos a ver alguns Fritz.
 Temos então que, estes turistas têm todos uma coisa em comum e não, não são labregos (subsistem alguns é certo, mas para encontrar um labrego não é preciso esperar pelas férias do verão, basta ir a um shopping ao Domingo), o que eles têm, todos em comum são duas coisas:
 -Em primeiro lugar são uma catrafiada deles para escolher e opinar sobre o artigo que apenas um deles vai comprar e que, depois, motivados pela primeira compra, desatam todos a comprar também.
 - Em segundo, falam, falam muito, pelos cotovelos e alto, muito alto, tão alto que por momentos pensei que me tinha entrado um fogueteiro do Sr de Matosinhos e disparado uma salva de morteiros na loja.


 Até aqui tudo bem, cansativo, mas lucrativo, por isso, tudo bem, o difícil, é quando temos uma missão para cumprir, para a qual temos tudo planejado, sabemos o que esperamos, mas o incrível e inesperado acontece.
 É como em Apollo 13, tudo para ser a cereja no topo do bolo de uma bem sucedida série de viagens e de repente, tau - "Houston, we have a problem!" - foi mesmo! Um dia normal, muito atarefado, com emigrantes e não só, boas vendas e de repente, alguém resolve fazer da tua loja um WC, literalmernte.
 Desta aposto que nem o Tom Hanks sabia como calcular o vector para sair dali com um sorriso nos lábios.
 Como é que é possível, que em pleno séc XXI, me entre um puto na loja para soltar o penedo? Fonix! Com dezassete mil casas de banho no shopping escolhe uma loja?!? O que é que tu fazes quando isso acontece? Tipo "Olhe precisa de papel?"Quer que ponha a musica mais baixa?""Não se importa que vá buscar um paralelo para lhe lavrar o marfim?".
 Não sei, não sei o que dizer ou que fazer! Vou falar com alguém da Nasa a ver se me ajuda!